A Cadeira

quarta-feira, 29 de maio de 2019



Esta é a cadeira. Onde o tempo passa diante dela como numa TV. A cadeira que ente a escuridão, faz coexistir a luz.

Sordidez entre os pés, madeira podre e molhada, amontoado de lixo, resto de coisas que um dia valiam algo. Bituca de cigarro, ferrugem, formigas, as sofistas de paz, as matemáticas da teoria do caos. Vidro quebrado, rubrica em tinta a óleo de alguém que já morreu. Um telefone, um copo e outra bituca de cigarro. Mas o que importava era a cadeira.

Sento todo dia naquela cadeira, observo vagarosamente o universo, aspiro poeira de tempos que não voltarão, vislumbro o futuro mais distante, lamento o infeliz presente. A sala abandonada estava lá todos os dias, ás vezes com um ou dois ratos a mais, mas era sempre a mesma coisa, lixo, formigas, eu e a cadeira. Pois ali é onde todo o universo faz sentido, ali é onde o caos outorga a ordem, pois ali, é onde estou.

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